Inscrições abertas para o 18º Grupo de Estudos de Geografia Histórica que discutirá o livro Planeta Favela a partir do dia 21/05/2024

Estão abertas as inscrições para o 18º Grupo de Estudos de Geografia Histórica, que discutirá, em 10 reuniões, o livro Planeta Favela, de Mike Davis.
As discussões começarão em 21/05/2024 e ocorrerão sempre às terças-feiras de 9-12h por videoconferência.
As inscrições são totalmente gratuitas e podem ser feitas pelo seguinte link: https://docs.google.com/forms/d/1NSgFmJwgIqOee74qDKTQHnqpJOm7bX7MQiCu7ac0Wxc/edit
Os participantes terão direito a certificados a partir de 75% de frequência.

Relato da reunião preparatória do 18GEGH realizada em 07/05/2024 por videoconferência

Prezados(as),

Foi realizada em 07/05/2024, por videoconferência, das 9h às 11:30h, a reunião preparatória do 18º Grupo de Estudos de Geografia Histórica, com a presença do coordenador do grupo, Marcelo, do Martins, da Priscila, da Vanessa e da Maira.

Os seguintes assuntos foram discutidos:

  1. A proposta anterior de ser discutido o livro Zonas Autônomas Temporárias – TAZ, foi deliberado que será apresentada pelo Daniel como uma atividade complementar do Geohistórica.
  2. A seguinte discussão foi sobre o livro a ser discutido nesta edição do grupo. Foram propostos os seguintes livros, que foram discutidos pelos presentes:
    • Colapso, de Jared Diamond;
    • Planeta Favela, de Mike Davis;
    • A Estetização do Mundo, de Gilles Lipovetsky & Jean Serroy;
    • En el espacio leemos el Tiempo, de Karl Schlögel;
    • A Sociedade em Rede, de Manuel Castells.

Examinados os prós e contras de cada livro, foram postos em votação os livros Colapso e Planeta Favela, vencendo o Planeta Favela por 3 votos a um.

Portanto informamos a todos(as) que discutiremos o livro Planeta Favela de Mike Davis a partir do dia 21/05, em que discutiremos o primeiro capítulo, denominado “Climatério Urbano”. No total serão 10 encontros, com uma carga-horária de 33 horas.

As discussões serão realizadas de 9 às 12 horas, nas terças-feiras, com um intervalo.

As inscrições já estão abertas e podem ser realizadas pelo seguinte link: https://docs.google.com/forms/d/1NSgFmJwgIqOee74qDKTQHnqpJOm7bX7MQiCu7ac0Wxc/edit

As inscrições e participação são totalmente gratuitas e darão direito a um certificado de 33 horas aos que participarem de ao menos 75% das reuniões.

Retomada do Grupo de Estudos de Geografia Histórica em 2024 – terça-feira, 07/05/2024 – 9h

Prezados(as),

Por uma série de razões não foi possível retomar o grupo de estudos em 2023. Mas agora estamos retomando as atividades, que serão sempre as terças-feiras entre 9 e 12 horas da manhã.

Como sempre iniciaremos com uma reunião preparatória, para decidir as leituras que iremos discutir no semestre. A reunião preparatória acontecerá na próxima terça-feira, 07/05/2024, às 9 horas por meet, cujo link será disponibilizado aos que preencherem a ficha de inscrição abaixo.

Link para inscrição: https://forms.gle/XyyW9M3vwZWpmRZo9

Obs.: atividade livre, com o objetivo de difundir o conhecimento, totalmente gratuita.

Relato da reunião do dia 02/06/2023

No dia 02/06/2023, às 9 horas, por meio da plataforma meet foi realizada a reunião preparatória para o ano de 2023. Compareceram, além de mim, Martins Virtuoso, Vinicius Quinhones, Bruno Campos e Andre Talyuli.

Foi decido que o livro escolhido para debate seria Colapso, de Jared Diamond, que discute exemplos de sociedades atuais e do passado e o motivo de sobreviverem ou fracassarem enquanto sociedade.

Porém, após a reunião realizei algumas ponderações.

Em primeiro lugar percebi que começar em um semestre e seguir no outro seria antiprodutivo. Portanto achei melhor começar no inicio do semestre 2023-2, que se inicia no dia 28/08 e vai até 20/12. 

Isso inviabiliza a discussão do livro Colapso que conta com 16 capítulos e mais de 600 páginas.

Portanto estou deixando para fazermos nova reunião preparatória para o inicio do semestre para a escolha de outro livro que possa ser realizado em até 10 reuniões.

Att.

Marcelo Werner da Silva

Coordenador do Geohistórica e do Grupo de Estudos de Geografia Histórica

Relatório sobre o Trabalho de Campo realizado na cidade do Rio de Janeiro-RJ em novembro de 2022

O presente relatório centra atenção à sistematização dos lugares visitados na pesquisa de campo na cidade do Rio de Janeiro – RJ em novembro de 2022. O trabalho de campo está inserido no contexto da disciplina denominada “Geografia Histórica: aspectos teóricos e metodológicos”, ministrada pelo Prof. Dr. Marcelo Werner da Silva, no Programa de Pós-Graduação em Geografia do Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional da Universidade Federal Fluminense.

Importa explicitar que a referida atividade de investigação em campo contou com a presença de Elis Miranda, Professora dos cursos de Graduação em Geografia e Mestrado em Desenvolvimento Regional, Ambiente e Políticas Públicas da Universidade Federal Fluminense, e de Daniel Ribeiro, estagiário de pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense de Campos dos Goytacazes, além do professor Marcelo, responsável pela disciplina e pelo trabalho de campo e dos colegas da turma de mestrado e também alunos de graduação em Geografia.

A atividade foi subdividida em dois dias: 21 e 22 de novembro de 2022. O primeiro dia iniciou-se com a partida da van da Universidade Federal Fluminense do município de Campos dos Goytacazes-RJ, no início da manhã, com destino final à cidade do Rio de Janeiro-RJ, num percurso de aproximadamente 277 quilômetros.

O segundo dia de atividade foi iniciado no início da manhã, nos fundos da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, onde está o que sobrou do Morro do Castelo. Nestes dois dias foram visitados inúmeros lugares (prédios, ruas, praças, igrejas) construídos no período colonial e imperial, bem como no início do período republicano brasileiro, os quais poderão ser visitados a partir das fotografias e comentários pontuais dispostos nas páginas que seguem.

Dia 1 – Das ladeiras de Santa Teresa ao aterrado da Urca

Aproveitamos a carona da van para subir até o Largo dos Guimarães, ponto localizado no Morro de Santa Teresa. No Morro de Santa Teresa foi inaugurado em 1751 o Convento das Carmelitas. No morro de Santa Teresa convivem intelectuais, escritores e músicos desde o século XIX. Atualmente, o Largo dos Guimarães é considerado um ponto central do morro, abarcando bares, restaurantes e um cinema, que pode ser visto no canto direito da fotografia abaixo.


Largo dos Guimarães. Em primeiro plano
vê-se a conexão de trilhos de ferro, ao
fundo, pessoas no ponto de ônibus e, no
canto direito, o cinema de rua.


Largo dos Guimarães. Bonde histórico
em operação.

Seguimos a descida do Morro de Santa Teresa sem deixar de perceber o arranjo arquitetônico das casas: algumas construções com arquitetura tipicamente europeia, que naquele terreno irregular fazem parecer que literalmente entram solo abaixo. Descendo um pouco mais chegamos a outro ponto de importância para o Morro de Santa Teresa, o Largo do Curvelo.

     
Estação de bonde Largo do Curvelo                      
subindo o Morro Santa Teresa        


Estação Largo do Curvelo descendo o Morro
Santa Teresa

Ao descer o Santa Teresa, ao avistar a estação do Largo do Curvelo, é possível virar à direita, numa simpática esquina com, em primeiro lugar, vista para o Pão de Açúcar e mesa para jogos de tabuleiro. Seguindo por este caminho, chega-se à casa onde morou Nise Magalhães da Silveira, médica psiquiatra brasileira, reconhecida mundialmente por sua contribuição à psiquiatria, revolucionou o tratamento mental no Brasil.


Espaço de socialização no Curvelo.


Casa de Nise da Silveira (1927-1932).

Outro ponto de visitação foi o Parque das Ruínas, o qual pudemos ter experiência parcial, mas relevante. Isso porque não foi possível entrar na antiga casa onde aconteciam os grandes bailes da Belle Époque, comandados por Laurinda Santos Lobo, na então capital republicana Rio de Janeiro, mas foi possível perceber a bela vista a que tinham acesso os frequentadores deste lugar.


Antiga casa das festividades


Vista do Parque das Ruínas

Em seguida passamos pelo Convento de Santa Teresa, que teve sua construção iniciada em 1750 e recebeu as primeiras freiras ainda no século XVIII, como sendo o primeiro convento de freiras enclausuradas no Brasil, sob nome de Convento de Nossa Senhora do Desterro, no então Morro do Desterro.


Convento de Santa Teresa

Em seguida iniciamos a descida da Escadaria de Selarón, construída para conectar os bairros de Santa Teresa e Lapa. No fim do século XX, Jorge Selarón, um viajante pelo mundo de origem chilena decidiu ficar na cidade do Rio de Janeiro, e iniciou as obras de colocação de azulejos, fazendo com que a escadaria fosse tombada pelo IPHAN no início do século XXI.


Escadaria de Selarón

Chegamos à Praça da Lapa Antiga, onde estão situados os Arcos da Lapa, construídos entre os anos de 1723 e 1744, como forma de resolução do problema da escassez de água no período. Nessa localidade, hoje, estão situadas a Casa Cecília Meireles, onde funcionou o Grande Hotel da Lapa, construído no fim do século XIX, e a Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro.


Sala Cecília Meireles


Escola de Música da UFRJ

Os exemplos das marcas de tempos passados são vastos nessa parte da cidade. Há prédios oriundos de épocas distintas, com diferentes propostas de arquitetura e ocupação e uso do espaço. Há também marcas menos perceptíveis, mas que ali estão e que servem de testemunho da história dos lugares.

     
Lampadário da Lapa, onde se lê “Districto Federal”. Construído no início do século XX,
durante o governo de Pereira Passos, marcado pelas reformas na capital da república.


Asfalto sobre trilhos de ferro: outra
forma de perceber a sobreposição das
camadas de tempo. Esquina da Avenida
Augusto Severo com a Rua Teixeira de
Freitas, onde funciona hoje o Instituto
Histórico Geográfico Brasileiro (IHGB).

Seguimos no sentido Zona Sul do Rio de Janeiro. Alguns minutos de ônibus e chegamos: Bairro da Urca, importante lugar para a Exposição Internacional do Centenário da Independência, ocorrida entre 1922 e 1923. Este foi um evento à escala mundial, no qual diversos países construíram prédios que tinham a função de realizar exposições. Isso não teria sido possível sem que toda a área fosse aterrada primeiramente, reduzindo o espaço da Baía de Guanabara e expandindo ou recriando parte da costa da cidade. Um exemplo abaixo é o Museu de Ciências da Terra, que foi construído para comemorar a Exposição Nacional Comemorativa do 1º Centenário da Abertura dos Portos às Nações Amigas, em 1908. Durante a Grande Exposição de 1922, o prédio foi utilizado para exposições geológicas e paleontológicas. O lugar é também ocupado, hoje em dia, por Universidades e por instituições militares.


Museu de Ciências da Terra


Escola de Guerra Naval. Urca, Rio de Janeiro

Abaixo encontra-se o Cassino da URCA. O prédio foi construído no início dos anos 1920, para receber visitantes interessados na Grande Exposição de 1922. Sua primeira função era de serviços de hotelaria, denominado Hotel Balneário da Urca. Na década de 1930, o hotel foi transformado em cassino. Após o jogo se tornar proibido, o lugar foi ocupado pela TV Tupi, que operou até o período da ditadura militar. Hoje, funciona no prédio o Instituto Europeo di Design. 


No canto direito da fotografia, vê-se o
importante prédio construído no contexto da
Grande Exposição de 1922, que inicialmente
funcionou como hotel e, depois, como cassino,
movimentando a noite carioca.

Dia 2 – Rios de Janeiro: projetos de cidade

O segundo dia de atividade de campo foi iniciado aos pés da Ladeira da Misericórdia, o que sobrou do Morro do Castelo, lugar que um dia foi um dos pontos estratégicos para a manutenção da colônia. O início das obras da igreja ali instalada data do século XVI, no ano de 1567. A vista para o mar era o que beneficiava a instalação no referido morro, a fim de evitar ataques vindos da costa. Já no século XIX, longe do perigo de invasões, o morro foi demolido com a justificativa de melhorar a circulação de ventos na cidade, no entanto o principal objetivo era a remoção dos cortiços.


Placa que narra a história da Ladeira
da Misericórdia


Resquícios do Morro do Castelo


Igreja Nossa Senhora do Bonsucesso

Caminhando no sentido Praça XV, o primeiro ponto de parada foi o antigo Mercado Municipal do Rio de Janeiro. Lugar onde pode-se gastar imaginação para retornar ao tempo para tentar desvendar a vida cotidiana desse lugar, os produtos e as bugigangas que vendiam e quem eram os principais atores nas vendas do mercado. O funcionamento do mercado foi iniciado em 1908, idealizado no contexto da gestão Pereira Passos, foi construído com ferro importado da Europa. Na década de 1960 ocorreu a destruição do Mercado, a fim de construir a antiga Perimetral, também levada a baixo posteriormente.


O que sobrou do Mercado Municipal do Rio
de Janeiro

Onde já atracaram caravelas que contavam com dos ventos naturais como principal força para gerar deslocamento, hoje encontra-se a Estação das Barcas, situada na Praça XV, lugar onde é possível ir até a cidade de Niterói em aproximadamente 30 minutos.


Estação das Barcas vista do Cais do
Mercado


Alfândega do Império visto do Cais do Mercado

Construções de 1906, 1907 e 1911 na Praça XV, pensadas no contexto da gestão de Pereira Passos e que hoje tem funções diversas, como saída das barcas, comércio e serviços.


1906


1907


1911

Outro ponto que merece atenção na Praça XV é o Chafariz do Mestre Valentim, um dos principais pontos da cidade do Rio de Janeiro no século XVIII, justamente por ser um dos únicos pontos da cidade onde se podia coletar água Neste lugar funcionou o Cais do Carmo, utilizado para que as embarcações pudessem abastecer seus tanques de água.


Chafariz do Mestre Valentim

Também na Praça XV está localizado o Paço Imperial, construído no século XVIII e além de já ter sido a casa de despachos, foi também residência de Dom João VI e de Dom Pedro II. Na fotografia abaixo vê-se o Paço Imperial ao fundo, o largo do paço imperial e, no canto direito, a estátua de General Osório.


Paço Imperial, Praça XV de novembro

Visitamos também a Igreja Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, na Rua Primeiro de Março, que margeia a Praça XV, que foi uma pequena capela antes de ganhar a arquitetura vista nas fotografias abaixo, o que ocorreu na segunda metade do século XVIII.

           
Igreja Nossa Senhora do Carmo da Antiga


Interior da Igreja Nossa Senhora do
Carmo da Antiga Sé


Fechadura da porta principal de entrada da
Igreja


Porta principal de entrada da Igreja

Nesse momento transitamos por um Rio de Janeiro iniciado no século XVI, num lugar onde a sociedade brasileira e carioca começou a se constituir, nos moldes do processo de colonização e através da manutenção da colonialidade. As ruas do Rio antigo documentam a história de um lugar com marcas de diferentes períodos históricos. Vê-se, nas fotografias abaixo, a Rua do Comércio e a Rua do Ouvidor.


Rua do Comércio


Esquina onde era localizada a Typographia
Montenegro, que tratava dos Relatórios dos
Presidentes da Província do Rio de Janeiro

Passamos também pela Casa França-Brasil, um prédio neoclássico que funcionou como alfândega no período imperial e pelos arredores do Centro Cultural Banco do Brasil e dali partimos para o Mosteiro de São Bento, fundado no século XVI, em 1590.


Parte externa do Mosteiro de São Bento


Parte interna do Mosteiro de São Bento

Em seguida encaramos a subida do Morro da Conceição, um dos morros que permanece na paisagem da cidade do Rio de Janeiro e que contribui para que a história dessa cidade seja contada. Este morro também teve participação estratégica na constituição da cidade do Rio de Janeiro. Nele está instalado o Palácio da Conceição, construído no século XVII, em 1634. A partir de 1702 passou a ser residência de bispos do Rio de Janeiro. Em 1923 o Ministério da Guerra adquiriu o prédio e a partir de então passou ali a funcionar o Serviço Geográfico do Exército.


Ladeira do Morro da Conceição vista de cima


Vista da Fortaleza do Morro da Conceição

O Serviço Geográfico do Exército funciona no alto do Morro da Conceição, onde encontra-se considerável acervo de livros produzidos no fim do século XIX e início do XX acerca da descrição do território brasileiro. O capitão responsável pelo lugar conduziu-nos a uma visita às dependências do Serviço Geográfico do Exército, na qual vimos biblioteca, máquinas antigas, fotografias, cartas e mapas.


Fortaleza do Morro da Conceição
Diretoria de Serviço Geográfico
5º Centro de Geoinformação

Conhecemos também o Observatório do Valongo (UFRJ), onde está o telescópio Pasus construído no fim do século XIX, em 1880, que participou ativamente nos projetos para levar o homem à Lua.


Entrada do Observatório do Valongo


Telescópio Pasus, construído em 1880


Telescópio Cooke, de origem inglesa

O último ponto visitado durante a atividade de campo foi o lugar denominado Largo da Prainha, e a Pedra do Sal, onde o mar chegou a depositar sal sobre a encosta, o que atualmente seria tido como uma catástrofe.


Pedra do Sal


Largo de São Francisco da Prainha.
“Em referência à igreja de São Francisco,
construída em 1738”, diz a placa

Com novas lentes, um novo olhar: análise pessoal

Estes dias na cidade do Rio de Janeiro me fizeram retornar ao passado em diversas escalas de tempo. A paisagem da cidade histórica doa àquele que a observa ferramentas para compreender a realidade de tempos congelados no espaço geográfico, aqueles que somente retornam sob movimento de abstração.

Subir e descer novamente o Morro de Santa Teresa; revisitar lugares como a Lapa antiga e ver, de longe, os grandeza dos arcos; caminhar de novo pelas vielas da Lapa e “descer” morro abaixo a linha do tempo com destino à zona sul carioca… estive na minha cidade natal para um estudo de investigação, um trabalho de campo guiado e orientado com bases teóricas bem fundamentadas sobre o estudo do passado. Utilizei, desta vez, novas lentes.

O retorno ao passado do Rio de Janeiro me fez revisitar as andanças que tive com minha mãe, Silvia, pela área central da cidade, e por muitos lugares do Rio histórico durante minha infância e adolescência.

Já agora, consigo perceber mudanças na paisagem do tempo que passeava com minha mãe com relação aos dias atuais. Mas, além disso, consigo voltar aos mesmos lugares em que já estive e perceber que a principal mudança ocorreu em mim mesmo.

Como olha o geógrafo para o espaço geográfico? As formas presentes na paisagem já não são mais naturalizadas como se simplesmente tivessem surgido ali. É possível, agora, reconhecer a importância de um determinado ponto do espaço num determinado período de tempo, não como se fosse um quadro congelado que teve desde sempre a mesma importância no decorrer do tempo, mas como objetos que acompanharam o movimento da sociedade e que tiveram sua forma e/ou sua função alterada com o passar dos anos, escrevendo novas páginas na história dessa cidade histórica. Na linguagem mais comum e inteligível: não existe mais o “desde sempre”.

Um novo olhar, sob novas lentes, se traduz num novo caminhar, e portanto numa nova postura frente aos acontecimentos históricos da cidade. O novo olhar possibilita a mudança na forma de pensar a cidade, e me fez melhor conhecer boa parte da história da minha cidade natal. Isso porque visitar os pontos históricos e compreender a espacialidade de dos séculos passados auxilia para a compreensão da cidade no seu arranjo atual.

Essa pesquisa de campo auxiliou para a reconstrução do passado do Rio de Janeiro, e a importância da cidade está explícita nos diferentes pontos visitados. Novas lentes permitem correlacionar os atores importantes nos diferentes períodos vistos na paisagem, bem como as instituições hegemônicas, que se apropriaram do espaço da cidade como se fosse, de fato, seu quintal: trata-se, sobretudo, do Estado e da Igreja Católica.

Sem dúvida também é necessário comentar os diferentes projetos de uso do espaço esboçados na cidade do Rio de Janeiro no decorrer do tempo, através dos projetos colonial, imperial e republicano. Todos eles deixaram na paisagem atual suas assinaturas, e a manutenção dessas assinaturas, que são as formas espaciais, é indispensável para a reconstrução das diferentes camadas de tempo deste lugar, generalizadas e unificadas numa só expressão: seu passado histórico.

Vinícius Brito Quinhones
Dezembro de 2022

Relato do 8º encontro do Ciclo de Debates sobre Teoria e Metodologia na Geografia Histórica, organizado para o 17º Grupo de Estudos de Geografia Histórica da Universidade Federal Fluminense (UFF Campos).

Prezados(as), 

Aconteceu na última sexta-feira, dia 15 de julho de 2022, o oitavo e último encontro do Ciclo de Debates sobre Teoria e Metodologia na Geografia Histórica, do 17º Grupo de Estudos de Geografia Histórica, organizado pelo Grupo de Estudos e Pesquisas de Geografia Histórica (Geohistórica) da Universidade Federal Fluminense (UFF Campos) para o primeiro semestre letivo do ano de 2022.

O encontro foi baseado no capítulo denominado “Análise dos Sistemas Mundiais” do sociólogo estadunidense Immanuel Wallerstein, que compõe o livro organizado por A. Giddens e J. Turner, denominado “Teoria Social Hoje”, publicado em português pela Editora Unesp em 1999.

A apresentação do texto ficou a cargo de Vinícius Brito Quinhones, estudante do curso de mestrado em Geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF Campos). Após a apresentação, o debate foi realizado pelos(as) seguintes participantes: Merilin B., Daniel de Albuquerque Ribeiro, Luiz Felipe Tavares Lopes, Eliethe Gonçalves de Sousa, Juan Jofré Cañipa, Marina Lou, Anadelson Martins Virtuoso, Salvador Ribeiro Cardoso, e Marcelo Werner da Silva.

Ao iniciar o debate, o professor Marcelo saudou a todas e a todos presentes no encontro que encerrou o referido ciclo de debates, e elogiou as discussões passadas. A seguir, elogiou a apresentação do presente encontro e iniciou breve explicação sobre os pressupostos que I. Wallerstein procura analisar e discutir no referido capítulo. Em concordância com o autor, reforçou a necessidade de uma análise em conjunto, e indicou um outro trabalho de Immanuel Wallerstein, denominado “Capitalismo histórico e civilização capitalista”. Por conseguinte, finalizou lembrando que vivemos sob uma economia mundo, na qual existem estados soberanos economicamente, bem como em sua ideologia e cultura. Como exemplo, citou o American Way Of Life, como modo de pensamento incorporado por diversos países do mundo. Neste sentido, reforçou a ideia de que o progresso é dado, sem ser debatido e questionado.

Daniel de Albuquerque Ribeiro comenta e elogia a apresentação e entra no debate acerca da posição do geógrafo no mercado de trabalho, algo questionado durante a apresentação do texto. Destacou a falta de diálogo entre a geografia acadêmica e o mundo do trabalho e questionou: “como manter uma ciência crítica e não separar estudantes da Geografia da inserção no mercado de trabalho?”.

Marcelo lembrou da divisão entre as disciplinas, citadas por I. Wallerstein, e o viés positivista, tornado necessário à legitimação de cada ciência ou, como quer Wallerstein, “disciplina”. Lembrou as ideias deste autor para destacar a teoria que visa unir toda a realidade social.

Merilin B. comentou que a leitura do texto de Wallerstein lhe agradou e que achou interessante os cuidados necessários para fazer análise sem redução da realidade, como propõe o autor do texto debatido. Destacou, também, a importância de refletir sobre os conceitos e sobre a história dos conceitos utilizados nas atividades de pesquisa. Neste sentido, destacou ser interessante a ideia de pensar novas alternativas à construção da ciência, problematizando os paradigmas naturalizados. Aproveitou o espaço para agradecer a oportunidade de compor o Grupo de Estudos de Geografia Histórica e destacou a amplitude dos textos debatidos, lembrando que estamos todos na fronteira das disciplinas – um lugar desconfortável, mas necessário. Por fim, se colocou à disposição para futuras oportunidades de diálogo.

Tomando o gancho de despedida, Marcelo convidou os(as) participantes para deixar algumas palavras na conclusão do ciclo.

Eliethe Gonçalves de Sousa aproveitou, então, para agradecer ao grupo de pesquisa e elogiou a iniciativa de abrir as portas. Reforçou a importância de ir às fontes primárias: “é importante ler os clássicos”. Também se colocou à disposição para novas oportunidades de diálogo.

Daniel comentou que gostaria de ter participado de maneira mais ativa, como fez nos últimos grupos de estudos, e agradeceu ao grupo pelo ciclo de debate que, segundo ele, “é, como sempre, de qualidade”. Por fim, agradeceu à boa energia que tem o grupo.

Anadelson Martins Virtuoso, ou Martins, também seguiu a linha de agradecimentos a todo o grupo. Destacou que é um prazer dialogar com o grupo, algo que lhe motivou, inclusive, a levantar-se da cama.

Salvador Ribeiro Cardoso, assim como Daniel, gostaria de ter participado mais ativamente. Também agradeceu ao grupo e destacou que os debates lhe ajudaram em sua pesquisa de mestrado, que caminha para o fim.

Por fim, Marcelo agradeceu em nome do Grupo de Estudos e Pesquisas de Geografia Histórica da Universidade Federal Fluminense (UFF Campos), desejou boas férias a todos e a todas, e lembrou que em breve teremos nova reunião de organização de um próximo grupo de estudos, para o semestre de 2022.2.

Consta abaixo o registro dos participantes do debate, realizado ao final do encontro:

Atenciosamente,

Vinícius Brito Quinhones

Chamada para o 8º encontro do Ciclo de Debates em Teoria e Metodologia na Geografia Histórica do 17º Grupo de Estudos de Geografia Histórica (2022.1)

Prezados(as),

Amanhã, dia 15 de julho de 2022, ocorrerá o oitavo e último encontro do Ciclo de Debates sobre Teoria e Metodologia na Geografia Histórica, organizado pelo Grupo de Estudos e Pesquisas de Geografia Histórica (Geohistórica) da Universidade Federal Fluminense (UFF Campos). Trata-se do 17º Grupo de Estudos de Geografia Histórica. O encontro será online, através da plataforma Google Meet, e será iniciado às 09 e finalizado às 12 horas.

O encontro será baseado no capítulo denominado “Análise dos sistemas mundiais”, do sociólogo estadunidense Immanuel Wallerstein, que compõe o livro “Teoria Social Hoje”, organizado por Anthony Giddens e Jonathan Turner.

A apresentação será realizada por Vinícius Brito Quinhones, estudante do curso de mestrado em Geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF Campos).

Encontra-se abaixo o cronograma completo do Ciclo de Debates de Teoria e Metodologia na Geografia Histórica do 17º Grupo de Estudos de Geografia Histórica (2022.1).

Atenciosamente,

Vinícius Brito Quinhones

Relato do 7º encontro do Ciclo de Debates sobre Teoria e Metodologia na Geografia Histórica, organizado para o 17º Grupo de Estudos de Geografia Histórica da Universidade Federal Fluminense (UFF Campos).

Prezados(as), 

Aconteceu na última sexta-feira, dia 08 de julho de 2022, o sétimo encontro do Ciclo de Debates sobre Teoria e Metodologia na Geografia Histórica, do 17º Grupo de Estudos de Geografia Histórica, organizado pelo Grupo de Estudos e Pesquisas de Geografia Histórica (Geohistórica) da Universidade Federal Fluminense (UFF Campos) para o primeiro semestre letivo do ano de 2022.

O encontro foi baseado na 3ª parte do livro “Impensar a Ciência Social: os limites dos paradigmas do século XIX”, do sociólogo estadunidense Immanuel Wallerstein. A seção apresentada e debatida é denominada “Conceitos de tempo e espaço” e abarca os seguintes capítulos: 8 – “Comentário sobre a epistemologia: o que é a África?”; 9 – “A Índia existe?”; e 10 – “As invenções de realidades tempoespaciais: para uma compreensão de nossos sistemas históricos”.

A apresentação do texto ficou a cargo de Bruno Campos Moraes, estudante de graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF Campos). Após a apresentação, o debate foi realizado pelos(as) seguintes participantes: Daniel de Albuquerque Ribeiro, Marina Lou, Anadelson Martins Virtuoso, e Marcelo Werner da Silva.

Atenciosamente, 

Vinícius Brito Quinhones